27 de nov. de 2006

Animais

O tratamento dado pelo ser humano aos animais, retratado no documentário que pode ser encontrado nestes vídeos deixa dúvida sobre quem é animal.

Animais

O tratamento dado pelo ser humano aos animais, retratado no documentário que pode ser encontrado nestes vídeos deixa dúvida sobre quem é animal.

29 de set. de 2006

Bebedeira

Nestes dias próximos às eleições não poderia deixar de escrever algo sobre o tema.

Perdoe-se o trocadilho, mas faço votos para que todos possam conscientemente não re-eleger o atual presidente da República. Também recomenda-se que se evite votar em qualquer um que participe do partido que ele fundou.

A população brasileira, o povão, fez de Lula um mito. É o nordestino pobre, que saiu do interior de Pernambuco para tornar-se presidente. Parece que o povo, perdoe-se novo trocadilho, tomou um uisquezinho com o presidente. Bêbado e cego, o povo continua a acreditar no mito Lula. Se trata de uma bebedeira coletiva.

Entretanto, é preciso lembrar à população que Lula não se tornou presidente por vontade própria. Foi lá colocado pelo povo. Portanto, quem criou o mito foi o povo.

Não foi Lula, por méritos próprios, que ascendeu ao cargo. Se vê, desta forma, que não é difícil tirá-lo de lá. Se Lula tivesse que fazer algo por méritos próprios, certamente teria sido demitido, junto com tantos outros metalúrgicos da Volkswagem, nos meses passados.

Nosso excelentíssimo presidente sempre foi escorado em alguma instituição ou partido. Primeiro foi sindicalista. Presumo que para não precisar trabalhar. Depois, fundou partido político. Viveu, desde então, às custas das verbas governamentais e dos descontos dos salários dos ativistas partidários. Os chamados militantes do PT.

O mito de Lula, portanto, é construído sob uma farsa. Lula, desde que entrou na vida pública, nunca trabalhou. Sempre viveu de favores. Mais de vinte anos foi sustentado pelo PT e por amigos.

Agora, na presidencia, precisa pagar os favores aos amigos. Zé Dirceu, Genoíno, Marcos Valério, Duda Mendonça e toda a corja petista.

Ainda há quem continue a acreditar na inocência do cidadão mais safado que já ascendeu ao poder nesta triste história brasileira. Não é possível pensar que não se trate de outra coisa, senão bebedeira coletiva.

22 de ago. de 2006

Eleições

Sempre que é tempo de eleições lembro-me da música "A Banda", de Chico Buarque. Não que seja fã do cantor. Mas a música se encaixa perfeitamente no período de camapanha eleitoral.

O transe coletivo em que a população é posta produz efeitos como os narrados pela música. A moça feia acha-se linda, e imagina que a banda toca para ela. E o velho fraco sai para dançar no terraço, pensando-se moço. Por aí vai...

Em tempos de reeleição, herdada de FHC, e à qual agarram-se os petistas com unhas e dentes, tudo parece ir às mil maravilhas. E, se não vai, é porque outros ainda não foram eleitos. Quando forem, tudo estará bem.

A onda de otimismo que toma conta do País se assemelha à cidade que enfeita-se, para ver a banda passar.

O nível baixíssimo da campanha, que em tom de festa propositadamente esquece discussões sérias, atinge em cheio o baixíssimo nível de instrução da população em geral. Tudo parece virar uma grande orgia monetária. Os problemas todos resolvidos. Os males todos curados. E os obstáculos todos superados.

Enquanto isso, por debaixo dos panos, grandes financiadores de campanha aproveitam-se do desespero político de manter o foro privilegiado - além de outros privilégios - e costuram acordos que só irão beneficiar bancos, e outros agentes financeiros.

E aqueles, os que devem e continuarão devendo, vítimas de doze anos de proteção a bancos e grandes corporações, deixam-se levar pela onde de otimismo, pela crença de que, com o novo governo, tudo será melhor.

Outros ainda, vítimas de doze anos de diminuição da economia, ausência de investimento em produção e aumento de investimento especulativo, acreditam que terão emprego, saúde, escola e, pasme-se, até mesmo casa própria.

Mas este tempo termina. Em outubro a banda passa, e o programa eleitoral finda. Os gingles de campanha são esquecidos, os adesivos jogados no lixo, e as camisetas - agora proibidas - viram roupa de dormir ou de fazer faxina em casa.

Quando o banda passa, tudo retoma o devido lugar, sem que se perceba que tudo jamais mudou de lugar. A névoa eleitoral que atrapalha a visão se dissipa, e por mais quatro anos, cada qual no seu canto, volta para sua dor.

24 de mai. de 2006

Sobre Tributos II

Qualquer empresário sabe que atualmente a melhor forma de manter seu empreendimento é poder optar pelo pagamento simplificado de impostos federais, ou seja, manter-se inscrito no SIMPLES.

Mas nem sempre isto é possível. Se os negócios vão bem, o governo torna-se verdadeiro sócio majoritário da empresa. Fica com praticamente 40% daquilo que a empresa fatura.

Sim. O governo não importa-se com necessidade de pagamento de fornecedores, de prestadores de serviço, de material de expediente, de água, luz, telefone, celular, provedor de internet, etc.

Tudo o que entra no caixa da empresa é dividido. Cerca de 40% para o governo. E, com os outros 60% o empresário que se vire para manter a empresa em funcionamento. O governo, aliás, como aquele sócio que só aparece no final do mês para receber o pró-labore, ainda dificulta a vida do empresário, pois lhe transfere sua responsabilidade.

Se o empresário consegue abrir mais postos de emprego formal, o governo o obriga a manter creches para os filhos dos empregados, ou fornecer vales-creche, pois é incapaz de construí-las em número suficiente para atender a demanda.

Da mesma forma, se o empresário precisa manter a linha de produção no horário, obriga-se a providenciar transporte para os empregados, pois o transporte governamental é inoperante. E quando opera, sempre atrasa, ou deixa de operar por conta de greves, etc.

Se o empresário não pode substituir os empregados, pois precisa de mão-de-obra qualificada, obriga-se a pagar plano de saúde, pois o internamento de qualquer empregado em hospital da rede governamental serve para agravar os riscos de uma saúde já debilitada.

Aliás, como falar em mão-de-obra qualificada oriunda da rede governamental de ensino? Ou oriunda do sistema Sesc, Sesi, Senai, Senac, etc.? É o empresário o responsável por fornecer ao empregado os cursos de capacitação (por vezes cursos de alfabetização). Pior, se a empresa ultrapassa certo número de empregados, é o empresário o responsável por ensinar menores de idade, pois estes não têm chance de aprender na escola, ou em qualquer outro órgão governamental.

Isto para não falar dos gastos com logística. Ou se paga valores absurdos de pedágio, ou se paga valores absurdos com manutenção de veículos. As estradas ou estão privatizadas, sem nenhum controle de preço, ou estão abandonadas.

E a burocracia? O governo, que cobra e arrecada tributos, sequer se dá o trabalho de verificar quanto é devido. É o empresário que, depois de arcar com todos os custos acima descritos, deve contratar profissional de contabilidade e, com o auxílio deste, confessar (como se trabalhar fosse crime) o quanto deve.

É por isso que se pergunta: para que governo? Não seria possível uma dissolução desta sociedade onde só um trabalha, e outro só fatura?

16 de mai. de 2006

PCC e a Imprensa

É impossível passar imune às cenas de violência assistidas - repete-se, assistidas - que aconteceram no Estado de São Paulo. Um verdadeiro show de cobertura. Repórteres, câmeras e equipes de produção estavam "em cima" da notícia, no momento em que ocorriam os fatos.

Controlada a onda de rebelião, pelo menos dois canais de televisão aberta realizavam mesas redondas, ao melhor estilo de programas de comentaristsa de futebol, para discutir a questão da violência.

Um dos programas era o do Ratinho - aquele que levou cinco milhões para bendizer o presidente. Difícil assistir mais de trinta segundos de repetição dos preciosos ensinamentos de quem, por muito tempo, foi repórter policial do programa Cadeia. Acostumado que era a dar tapas na cabeça dos presos, Ratinho esbravejava por lei e ordem, por tolerância zero, ao melhor estilo nova iorquino.

O outro programa, que poderia ser menos sofrível, foi o Roda Viva. Com vocação para boas entrevistas, o programa reuniu algumas pessoas com conhecimento de causa, que poderiam - qualquer uma delas - ser entrevistas individualmente. Mas cercou-os de alguns dos mais imbecis cidadãos de que se tem notícia. E o pior, alguns com importantes funções dentro do aparato estatal de combate à criminalidade. Resultado, outro programa abaixo da crítica.

Não que se esteja, aqui, imputando à imprensa culpa pelos acontecimentos. A imprensa é culpada tão somente por propagá-los. Quando as rebeliões pipocaram por todo o Estado de São Paulo, lá se foi a imprensa noticiar. Espalhou a notícia pelo Brasil. Resultado: rebeliões paralelas - no domingo - surgiram em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Paraná, em Minas Gerais e em outros estados. Tanto em presídios, quanto em delegacias.

Seria a solução, portanto, não divulgar acontecimentos desta natureza, como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo?

No Brasil?!? Seria a mais absoluta loucura!

A imprensa, por mais nefastas que possam ser as conseqüências da divulgação deste tipo de fato, por mais insegurança e medo que acabe por gerar na população, é o único meio de controle eficaz da ação do Estado.

Sem a divulgação da imprensa, certamente haveriam dezenas de "Carandirus" no Estado de São Paulo. Chacinas aos montes ocorreriam, em vários presídios. Chacinas ocorreriam nas ruas. E, pior, a troca de tiros descontrolada entre polícia e bandidos certamente geraria mais mortes civis.

A completa ausência de controle sobre as ações do Estado (nas esferas federal, estadual e municipal) e o descompasso irremediável em que andam os órgãos de Segurança Pública, o Poder Judiciário e o Ministério Público, autoriza a cada um destes órgãos, arbitrariamente, a fazer o que bem entende, no momento e forma que quer.

A imprensa tem sido, em meio a esta balbúrdia, o único meio de controle da ação do Estado. Por isso, sopesando os riscos de noticiar ou calar, é preferível optar pela notícia, ainda que a população permaneça amedrontada.

Ao mesmo tempo, por outro lado, deve-se evitar que, com a notícia, se acabe por gerar na população um anseio (que pode virar clamor) da necessidade de uma caça às bruxas. Aí, ter-se-á a imprensa alimentando o arbítrio e o desmando do Estado.

Abítrio e desmando, não custa lembrar, combinam com ditaduta. Esta mesma, tão desejada pela corja stalinista que domina o executivo nacional.

12 de mai. de 2006

Bundão

O dicionário Aurélio, em muitas das acepções que dá à palavra do título acima, descreve que bundão é o sujeito lento, frouxo, vagaroso, preguiçoso, indolente, inexpressivo, dentre outras.

Incrível como todas as acepções podem ser atribuídas à Lula.

Lula deu mostras de que, além de nada saber, nada ouvir, nada conhecer, e de nada participar - ainda que tudo aconteça em seu governo - também é bundão.

Não é divulgado pela imprensa quanto a Petrobrás investiu na Bolívia. É possível, aliás, que nem a imprensa o saiba. Mas é certo de que não foi pouco. Todo este patrimônio, segundo o Presidente Boliviano, não será indenizado.

Não que seja necessário indenizar a Petrobrás - que é nossa só em propagandas comerciais. A "auto-suficiente" Petrobrás mantém, através de preços escorchantes dos combustíveis, nível de lucro anual que atinge a casa dos bilhões. Ou seja, nós, o povo, pagaremos o prejuízo brasileiro na Bolívia. Este é o problema.

E Lula, o homem do povo, o fenômeno semi-analfabeto que chegou a ser presidente, o símbolo da campanha dos que nunca desistem, está feliz por conseguir, por ora, manter o abastecimento de gás.

Ora, Senhor Lula, o posicionamento que adotou envergonha qualquer cidadão nascido em Garanhuns, interior de Pernambuco. Seu Aristides nunca esteve tão errado quando disse, olhando para aquele bebezinho (ainda com dez dedos e sem barba): - Mais um cabra macho.

Senhor Lula, o Senhor é uma decepção para seu Aristides, para todos os seus conterrâneos, que acreditaram que a terra onde nasceu seria honrada, e para o Brasil.

Presidente sem estudo, sem cultura, que não fala direito nem o português, burro, cego, surdo e mudo, até se admite. Mas presidente que não tem culhão (ou bolas) para enfrentar índio boliviano, não.

8 de mai. de 2006

Sobre Tributos I

Iniciando pelo presente escrito, apresenta-se a série Sobre Tributos. Nesta série, buscar-se-á levar ao conhecimento do leitor alguns absurdos tributários cometidos pelos governantes brasileiros contra o cidadão brasileiro. Exatamente por haver vários absurdos, ao invés da elaboração de apenas um texto, optou-se por uma série deles. A série Sobre Tributos, que será veiculada sempre às segundas-feiras, quinzenalmente.

Explicados os porquês, é preciso passar logo ao absurdo maior da tributação brasileira, que servirá de aperitivo para o restante da série. No Brasil, paga-se um determinado tributo, por ser obrigatório o pagamento de outro.

Não que exista tributo não obrigatório. Se houvesse, a situação seria menos absurda. O pagamento de tributos é sempre obrigatório. Mas no Brasil, quando paga-se o primeiro, nasce a obrigação de pagar o segundo. Para facilitar a vida do leitor, um exemplo elucidativo.

Imagine que o Senhor José possui um veículo que vale R$ 40.000,00. Uma VW/Parati, ano 2005.

A cada ano - normalmente ainda no primeiro trimestre -, até que a Parati complete o vigésimo aniversário, o Senhor José recolherá ao Estado onde mantém residência, determinado percentual calculado sobre o valor do veículo - estimado pelo próprio Estado. Este recolhimento representa que o Senhor José cumpre seu dever de pagar o Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor, o famoso IPVA, conhecido por toda a gente que possui ou já possuiu automóvel, motocicleta, caminhão, ônibus ou congênere.

Como a Parati se trata de automóvel fabricado no Brasil, provavelmente o IPVA será calculado em 2%, ou perto disso, sobre o valor da própria Parati. Imagine que o Estado onde o Senhor José reside, adote a alíquota de 2%. O Senhor José deverá pagar - em dia, para não ser multado e não precisar pagar a multa, juros e correção monerária - R$ 800,00, a título de IPVA. Ou seja, 2% de R% 40.000,00.

Pois bem, imagine que o Senhor José tenha recebido, em sua residência ou trabalho, o carnê, para recolhimento do IPVA de sua Parati. O recolhimento, segundo o carnê, ou boleto bancário, pode ser realizado em qualquer agência bancária conveniada ao sistema de compensação. E este mesmo recolhimento deverá ocorrer até uma determinada data, também constante no carnê.

O Senhor José possui conta corrente no banco estadual conveniado ao Poder Executivo do Estado onde mantém residência. Na data do vencimento, dirige-se até a agência bancária mais próxima. Lá, saca R$ 800,00 de sua conta, e efetiva o recolhimento do IPVA.

Ocorre que, ao realizar o saque, o Senhor José, querendo ou não, terá debitado valor de R$ 3,04 em sua conta corrente. Este valor será recolhido pelo banco e transferido à União, a título de pagamento de Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Finaceira, a famosíssima CPMF. O cálculo é simples: anota-se qual o valor "movimentado" pelo correntista, e sobre o mesmo aplica-se percentual de 0,38%. O resultado é debitado da própria conta corrente, e o banco obrigado a repassar o valor para a União.

Ora, mas o Senhor José somente sacou os R$ 800,00, para pagar o IPVA! Como pode ser obrigado a pagar CPMF, se utilizou o dinheiro para pagar outro tributo?

Pois é, no Brasil, paga-se um tributo, por ser obrigado a pagar outro.

30 de abr. de 2006

Punição

O Partido dos Trabalhadores irá realizar um profundo estudo sobre a atual crise política. Também procurará punir os culpados, caso seja apurada alguma culpa. Tudo anunciado pelo atual Presidente do PT, Ricardo Berzoini, e noticiado pela Folha de São Paulo.

Tudo acontecerá depois das eleições. Era mesmo de estranhar que o PT, que até agora nada admitiu, fosse, em pleno ano eleitoral e às vésperas de iniciar a luta pelo segundo mandato de Lula, fosse realizar caça às bruxas.

Ricardo Berzoini afirmou que este tipo de procedimento deve ser realizado com profundidade e tranqüilidade. O clima deve estar descontaminado de disputa eleitoral.

A justificativa do líder petista só pode ser piada. Ninguém em sã consciência pode acreditar que: a) haverá, efetivamente, este estudo; b) que, em havendo, o PT punirá alguém.

O PT, a exemplo da new dancer do Planalto - Deputada Angela Moraes Guadagnin (que, entre outros importantes projetos de lei, apresentou o de nº 2.479/2003, que institui o Dia do Saci, a ser comemorado em 31 de outubro) - não está interessado em punir ninguém.

A onda inocentista do PT, aliás, já deu o ar da graça durante as CPI's, quando o partido conseguiu evitar que vários deputados fossem caçados e, ao mesmo tempo, articular-se para blindar Lula.

O motivo da auto-preservação é simples: os deputados federais hoje acusados, poderão ser, em 01/01/2007, deputados reeleitos. Que partido punirá e criará atritos com deputados futuramente necessários para a garantia da governabilidade, caso Lula também obtenha a reeleição?

A resposta é óbvia.


5 de mar. de 2006

Punição

Absurdo o que ocorre no Rio de Janeiro. Roubo de armas do exército, que vai às ruas, ocupar morros e favelas em busca do arsenal surripiado.

Enquanto um grupo audacioso esconde as armas sabe-se lá onde, o exército ocupa os acessos das favelas, revista moradias e pessoas, comércios e veículos, exigindo as preciosas armas.

A atuação do exército, endossada pela valorosa polícia militar carioca, fede idade média. Punição coletiva, até que os verdadeiros culpados sejam dedurados.

Toda a população das favelas sofre, mesmo que o ato tenha sido praticado por poucas pessas. E, pior, não se conhece a identidade dos meliantes. Sequer é possível afirmar que tenham esconderijo ou residência nos morros e favelas ocupados. Quem sabe não moram na beira-mar?

A técnica, muito empregada na idade média, e até pouco tempo atrás no nordeste, quando havia caça a cangaceiros, é uma ofensa, um acinte ao cidadão.

Ninguém é obrigado a ser constantemente humilhado, parado para revista e a suportar invasões de domicílio. O direito de ir e vir livremente, consquistado pela humanidade ao custo de milhões de mortes, não pode ser ignorado por conta da incompetência do exércio em vigiar suas próprias armas. Aliás, não pode ser ignorado nunca, por nenhum motivo.

Nada justifica que a população inteira de qualquer localidade seja punida, pelos atos praticados por uma ou duas pessoas. Principalmente nas favelas e morros cariocas, onde qualquer auxílio prestado ao exército e à polícia, servirá de motivo de represália dos traficantes.

Neste passo, sem saber que rumo tomar, a população fica esmagada, humilhada por aqueles que lhes devem (não só porque o dever é inerente à função, mas porque recebem para isso, com dinheiro da população) proteger.

E o mais estranho é que ninguém, dos meios de comunicação, preocupa-se em dununciar estes abusos. Nestas horas, quando à imprensa é interessante a imparcialidade, há apenas notícia das ocupações, sem nenhum jornalista apresentar nuances de indignação. Ficam muito mais indignados quando suas credenciais são desrespeitadas, e não conseguem ingressar nos camarotes, para entrevistar, filmar e fotografar os famosos e globais.

De fato, os valores andam mesmo bem invertidos.

25 de fev. de 2006

Carnaval

Mote de tantos ensaios narrativos, o carnaval acontece por todo o Brasil, nas passarelas, nas ruas e avenidas, nos clubes privados dos bairros luxuosos, e nos públicos salões do populacho. Foliões despreocupadamente pulam e pululam pelos locais festivos, celebrando sabe-se lá o que, na festa pagã mais animada do mundo.

Festa efêmera, surgida nos idos da idade média, o carnaval durava do dia de Reis até a quaresma. Modernamente ficou reduzido a quatro dias. Tempo suficiente para extrapolar todos os limites pessoais, corporais e sociais, tendo toda a quaresma pela frente, reservada aos arrependimentos.

Ao mesmo tempo, na Brasília de farras muito mais duradouras, os embalos legislativos vem produzindo um exuberante emaranhado de leis ininteligível, por onde é impossível transitar sem amassar a lataria. Verdadeira e inextrincável selva de palavras, onde nem facão afiado consegue abrir picada, a lei brasileira cresce em quantidade, ao mesmo tempo em que padece em qualidade.

A cada dia o cidadão é surpreendido por uma mudança em seus direitos, mesmo aquele direito que algum dia ousou-se afirmar ser fundamental e imutável, ser regra
pétrea
, ou pedra. Os arautos dos direitos humanos - coisa a se pensar - nunca foram apresentados ao legislador brasileiro. Este que anda, a despeito da tal Constituição "Cidadã" de Ulisses Guimarães, transformando cidadão em consumidor e escravo de um sistema capitalista, onde o único beneficiado é o próprio governo. Bem estar e social, só combinam separados. Alguns, bem estão em Brasília, outros estão socialmente embaixo do viaduto, ou na cela do presídio, revesando horas de sono no beliche, ou dormindo em pé, amarrados em grades.

O desfile alegórico governalmental, realiza fantasiosamente sua evolução. Retira, dia a dia, cada uma das garantias que o brasileiro pensa ainda possuir, mas apresenta samba-enredo bem ensaido, descobrindo, aqui e acolá, as carnes desavergonhadas, apenas para amainar a curiosidade do espectador. Afinal, carnaval sem escândalo na família, não é carnaval de verdade.

Enquanto passa a banda - emprestando cá a oportuna música - a massa alegre espalha-se na avenida e sorri. Mas quando a banda se for, será difícil tudo tomar seu lugar, porque até este poderá ter sido levado.

Nunca, como neste governico, Maquiavel foi tão utilizado. Pão e circo ao povo, e vamos à reeleição.

25 de jan. de 2006

Reajustes

Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o ex-ministro Antonio Delfin Netto, que à sua época discursou sobre a divisão do bolo, afirmou categoricamente que o controle da inflação beneficiará o governo, que pretende reeleger-se (muito embora Lula, que nunca se preocupa em apurar os ouvidos moucos, ainda não conheça a pretensão).

Do bolo de Delfin, que precisava crescer, sobrou a inflação. E o povo, este ente que aí está para ser lembrado em época de eleições, e ser relegado a atrapalho administrativo em períodos pós-posse, jamais viu fatia ou cereja do confeito. Sequer a uma pirracenta passada de dedo teve direito.

Da inflação, ainda que por caminhos outros, não seguidos por Delfin, dizem que, tal qual o bolo, sumiu. Estranho que as bombas de gasolina não tenham sido informadas. Estranho, também, que numa anunciada pequeníssima inflação de última década, todos os gêneros alimentícios tenham sofrido reajuste superior a cem por cento.

Aliás, os mais atentos já perceberam que o cálculo inflacionário jamais leva em conta preços reajustados. Se sobe a farinha, a culpa é do mercado chinês, e o índice inflacionário desconsidera o reajuste, para o cálculo da inflação. Se sobe a gasolina, se aponta os sempre maquiavélicos shieques do petróleo, e lá vão os matemáticos e estatísticos governamentais excluir a gasolina do cálculo. Seria bom poder, na hora de pagar a conta, desconsiderar o reajuste:

- Veja bem, seu frentista. Vou pagar a gasolina no preço velho, porque este reajuste não está computado para o cálculo inflacionário, e nem foi computado em meu cálculo de despesas mensais.

Afinal, se não há inflação, por quê gastar mais que o mês passado, adquirindo exatamente os mesmos produtos? A ver qual será a resposta do governo, em relação ao aumento do álcool, sapiente de que grande parte da base aliada, que ajudará o etílico presidente na campanha, possui usinas, ou possui compadres usineiros.

Quando o presidente voltar à vida civil, e for obrigado a pagar mais caro pela cachaça, certamente arrepender-se-á de não ter tomado as devidas medidas, para regular o setor de produção de álcool.

Economia estável, a tem o governo, sustentado pela população. Instável, entretanto, anda o bolso do contribuinte, que já não aguentando mais tucanadas e a carga tributária, votou na mudança, e agora paga o preço da burrice.

De esperar que o anunciado e, como astro de cinema, maquiado controle da inflação, não iluda, mais uma vez o cidadão votante. Portanto, antes de decidir-se, dê uma olhada, se ainda os têm, em seus canhotos de mercado de um ou dois anos atrás. Verás que a inflação não existe em Brasília, mas por outras paragens a moça, como a de Ipanema, anda solta e cheia de graça. Pena que não seja linda, e que não esteja a caminho do mar.

20 de jan. de 2006

Ao Vivo

O primeiro texto de 2006 não tratará de política. Não se tome, o texto abaixo, como promessa de abandono das notícias do Distrito Federal. Foi escrito apenas porque é interessante.

Sexo é, sem dúvida, uma das atividades mais prazerosas da vida. Muito embora alguns discordem, é impossível negar que esta é a opinião corrente de, pelo menos oito décimos da humanidade.

A atividade desenvolvida tem sido praticada ao longo de toda a existência da humanidade. Arrisca-se dizer que tem sido praticada com afinco e dedicação, a considerar que os números populacionais aumentam, ano a ano.

Entretanto, algumas pessoas levam a atividade a extremos não tão corriqueiros, para a maioria das pessoas.

Enquanto a maioria prefere sexo entre quatro paredes, ora na penumbra, para esconder alguns ângulos que se pretende fazer não notados, ora no claro, para que se encontre locais de difícil acesso, alguns arriscam o sexo em público.

Não que se trate de algo comum. Nunca flagrei um casal em pleno ato, num elevador, num banheiro de local com acesso ao público, numa escada de incêndio ou mesmo dentro de um carro.

Mesmo o sexo em público aparenta ter restrições. Exceção feita a filmes pronográficos, haja vista que o texto presente trata de pessoas comuns, não de atores, é possível perceber que não há prática de sexo em público em locais muito frequentadados. Mesmo quem pratica a modalidade, escolhe locais calmos e desertos de pessoas.

Também devem existir restrições sonoras. O sexo em público não permite gemidos e gritos altos. Não deve permitir palavrões ou conversas picantes. A não ser sussurros no ouvido do (a) parceiro (a).

Certamente o sexo em público também não permite que se chegue ao nú completo. Alguns botões e zíperes abertos e roupas íntimas (se usadas) esticadas são o máximo que se permite.

Além disso, por certo não há tempo para grandes performances, escolha de posições do kama-sutra e local confortável. Os praticantes devem adaptar-se às condições que o local escolhido oferece. Ninguém praticará sexo no espinheiro ou atrás de uma moita de urtiga, sobre um portão com pontas afiadas, sobre o fogão acesso ou deitado próximo a um formigueiro. O resultado disso é sexo sem resultado, ou satisfação, ou orgasmo, escolha cada um o termo que lhe apetece, que não se está a tratar de qualidade, mas de modalidade.

Fica, portanto, a pergunta: se não há tempo e conforto; se não é possível a nudez; se é necessário muito silêncio; e se é necessáio contorcionismo, qual é a vantagem de praticar sexo em local público?