12 de jan. de 2007

2007

Ano após ano depara-se com novas formas de maracutaias políticas. E também com a repetição das antigas, ainda impunes.

Ano após ano depara-se com o aumento desenfreado da criminalidade, de atos quase terroristas perpetrados por criminosos cientes da alarmante impunidade.

Ano após ano depara-se com agentes públicos de todos os escalões, de todos os Poderes e de todas as esferas federativas envolvidos em escândalos. Funcionários públicos que não trabalham e que, quanto trabalham o fazem mal, com total desinteresse pela própria função e com total despreso pelo dinheiro público.

Ano após ano supostos vigilantes da ordem e da moral pública bradam na imprensa a necessidade de endurecer a legislação penal. Escondidos sob um falso manto de legalidade e moralidade, procuram legitimar atos estatais cada vez mais despóticos e anti-democráticos. As penas são aumentadas. As condições de cumprimento da pena são endurecidas. Os benefícios aos detendos são caçados. Prisões ilegais ou abusivas são mantidas, em nome da segurança pública ou de suposto interesse social. Escritórios são invadidos. Escutas telefônicas e contas bancárias tornam-se domínio público em instantes. Bens são bloqueados e os envolvidos condenados antes mesmo de ser processados.

Está posta, de forma velada, uma nova ditadura. A ditadura da lei. Tudo o que é legal é possível, ainda que viole os mais elementares direitos do cidadão, como liberdade, saúde, educação, alimentação e moradia.

Ao cidadão, o império da lei, imposto à força e sem dó. Ao Estado e seus agentes a impunidade e ausência de qualquer responsabilização pela criação de aberrações legislativas e aplicação errônea a abusivo desta lei.

Enquanto o aplicador da lei e o gerente da coisa pública não for responsabilizado, nada se poderá fazer, para escapar das garras do Estado, que precipitam-se sobre o povo, sem que ninguém as vigie ou as possa controlar.

Este o retrato de 2007. A ditadura da lei imposta por um Poder Judiciário subserviente aos escusos interesses dos já irrecuperavelmente podres Legislativo e Executivo.

Tudo em nome da ordem, da moral e dos bons costumes, é claro.