28 de set. de 2005

O que é do povo, para o povo

Desde o dia 16/09/2005, última data em que foi postado algo neste espaço, os acontecimentos políticos escandalosos multiplicaram-se. Severino Cavalcanti renunciou afirmando que voltará; um doleiro deu depoimento bombástico; Paulo Maluf continua preso; haverá eleições na Câmara, onde o governo já é pressionado a entregar um ministério ao Partido Liberal, em troca de apoio.

Nossa - diria alguém espantado (a Vélhinha de Taubaté, imagino) -, quanta coisa escabrosa; quanta roubalheira; quanta gente safada.

Novidade mesmo, nenhuma.

A história se repete. Pouco tempo antes, foram ACM e Jader Barbalho a renunciar; o juiz Lalau estava preso; o governo (de FHC) era pressionado a trocar cargos por alianças políticas.

E o povo?

Com todo respeito, o Brasil não tem povo. Tem, no máximo, massa de manobra. A maioria da população sequer lembra em quem votou para deputado ou vereador. Quiçá lembra-se quem agraciou com o voto para senador.

Não há pressão popular, não há indignação, não há revolta, nada.

É certo que muito disso deve-se ao bondoso presidente Juscelino Kubitschek. Este, que aplicou o maior golpe já aplicado no Brasil. Retirou a capital da República do centro de pressão (eixo Rio-São Paulo), transferindo-a para o meio do cerrado. Escapou com seu séqüito para longe. Evitou enfrentar o povo. Mas também é certo que todos os que depois o sucederam, nada fizeram para melhorar. Ao contrário, passaram a participar ativa e alegremente do jogo sujo.

De lá para cá já o Brasil sentiu os resultados nefastos da existêncida da capital da República. Vê que as práticas safadas de trocas de apoio por cargos, de venda de votos parlamentares, de dinheiro sujo circulando para campanhas continuaram. Continuarão por muito tempo.

Severino Cavalcanti, neste sentido, é a figura caricata de cada um dos parlamentares que compõem o nobre Congresso Nacional. Corrupto sem um mínimo de vergonha; afana a população em nome próprio e em nome dos seus; emprega parentes; burla a lei para obter dinheiro ou vantagens para si; acusa o próprio filho, morto. E, na hora de assumir a responsabilidade, renuncia. Alguém duvida que conseguirá eleger-se, nos confins de seu reduto - ou curral - eleitoral? Alguém duvida que Severino amealhou dinheiro bastante, neste muitos anos de parlamento, para comprar número suficiente de votos?

Mas é preciso lembrar que, apesar de tudo, é o povo que elege cada um dos parlamentares. Será que é por isso que a educação anda tão em baixa?

Certo estava Raul Seixas, ao cantarolar que não queria ficar sentado frente a televisão, com a boca aberta, esperando a morte. Esta que, politicamente, já se vem avizinhando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oie muito bom seu texto!!
Vou aguardar o próximo episódio dessa novela...

Abraços