A onda de violência que atingiu o País como um todo é deveras preocupante. O cidadão não mais anda em segurança pelas vias públicas; não repousa em segurança; não viaja em segurança; não trabalha em segurança.
O medo gerado pelo crime, e potencializado exponecialmente pela imprensa, atinge não só o cidadão comum. Também as autoridades, que despido o disfarce de homens públicos, são cidadãos comuns, sofrem os mesmos medos. Aliás, sofrem mais. Sofrem como cidadãos acuados. E sofrem como responsáveis por tentar extirpar a violência, ou ao menos diminuí-la.
Não se pode dizer que não existem tentativas sinceras e bem intencionadas. Mas o foco dado ao combate ao crime acaba por prejudicar muito mais o cidadão, do que o deliqüente.
Há, no Brasil, uma sensível diminuição de direito civis. Convive-se diuturnamente com uma série de restrições ao direito de ir e vir. O cidadão cada vez mais é submetido a situações vexatórias, sob o manto da prevenção e combate ao crime.
Quantas e quantas vezes é preciso ficar parado nas portas das agências bancárias, aguardando o vigilante resolver se a pessoa tem cara de bandido ou de mocinho. Em prédios públicos somente se entra após a passagem por detectores de metal. E o atendimento nos guichês de vidro jateado não deixa que se possa olhar nos olhos do interlocutor.
Tudo fica impessoal. A cordialidade e os bons modos dão lugar à aspereza e às poucas palavras trocadas. Só o necessário é dito. Qualquer informação não intencional prestada, pode ser utilizada pelos meliantes.
As neuroses coletivas pelas quais passa a coletividade, de tempos em tempos, são preocupantes. A aceitação pacífica das restrições aos direitos civis, conquistados com sangue e lágrimas é preocupante.
Cada vez mais submete-se o cidadão ao poder do Estado, quando na verdade o Estado é quem deve submeter-se e garantir os direitos do cidadão.
A situação é cada vez mais preocupante.
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