5 de mar. de 2006

Punição

Absurdo o que ocorre no Rio de Janeiro. Roubo de armas do exército, que vai às ruas, ocupar morros e favelas em busca do arsenal surripiado.

Enquanto um grupo audacioso esconde as armas sabe-se lá onde, o exército ocupa os acessos das favelas, revista moradias e pessoas, comércios e veículos, exigindo as preciosas armas.

A atuação do exército, endossada pela valorosa polícia militar carioca, fede idade média. Punição coletiva, até que os verdadeiros culpados sejam dedurados.

Toda a população das favelas sofre, mesmo que o ato tenha sido praticado por poucas pessas. E, pior, não se conhece a identidade dos meliantes. Sequer é possível afirmar que tenham esconderijo ou residência nos morros e favelas ocupados. Quem sabe não moram na beira-mar?

A técnica, muito empregada na idade média, e até pouco tempo atrás no nordeste, quando havia caça a cangaceiros, é uma ofensa, um acinte ao cidadão.

Ninguém é obrigado a ser constantemente humilhado, parado para revista e a suportar invasões de domicílio. O direito de ir e vir livremente, consquistado pela humanidade ao custo de milhões de mortes, não pode ser ignorado por conta da incompetência do exércio em vigiar suas próprias armas. Aliás, não pode ser ignorado nunca, por nenhum motivo.

Nada justifica que a população inteira de qualquer localidade seja punida, pelos atos praticados por uma ou duas pessoas. Principalmente nas favelas e morros cariocas, onde qualquer auxílio prestado ao exército e à polícia, servirá de motivo de represália dos traficantes.

Neste passo, sem saber que rumo tomar, a população fica esmagada, humilhada por aqueles que lhes devem (não só porque o dever é inerente à função, mas porque recebem para isso, com dinheiro da população) proteger.

E o mais estranho é que ninguém, dos meios de comunicação, preocupa-se em dununciar estes abusos. Nestas horas, quando à imprensa é interessante a imparcialidade, há apenas notícia das ocupações, sem nenhum jornalista apresentar nuances de indignação. Ficam muito mais indignados quando suas credenciais são desrespeitadas, e não conseguem ingressar nos camarotes, para entrevistar, filmar e fotografar os famosos e globais.

De fato, os valores andam mesmo bem invertidos.