27 de ago. de 2005

Notícias Populares

Infelizmente, nestes últimos dias continua impossível acessar a página eletrônica do Notícias Populares.

Jornal dos mais instrutivos, o NP é capaz de mostrar o pior lado do ser humano. E ainda assim consegue ser divertido.

Lembro-me de algumas notícias com chamadas interessantíssimas, como da vez que em Richard Gere separou-se para dedicar-se ao budismo. Dizia a notícia de primeira capa: "Malandrão de Hollywood larga gostosona para virar monge".

Outra vez, um moleque que estava num terreno baldio soltando pipa, foi currado por três ou quatro meliantes. Noticiou o NP: "Foi soltar pipa e acabou na pica". E por aí vai.

Também tem as indispensáveis fotografias femininas, com modelos de péssima categoria ou, às vezes, com mulheres que nem modelos são. Outro dia estavam à mosta fotografias da tal Karina Somaggio, entitulada "a musa do mensalão".

Agora, em época das vacas magras, tem sido possível encontrar diversas promoções do NP. Dizia o slogam de uma propaganda de loteria: "Compre um presentão para a mulher da sua vida. Mas não esqueça a lembrancinha de sua esposa". E uma outra, quando o NP sorteou uma van de cachorro-quente: "O NP arranja a perua, e você entra com a salsicha."

Mas as melhores, sem dúvida, são as notícias de cunho sexual: "broxa torra o pênis na tomada"; "a morte não usa calcinha"; "bicha põe rosquinha no seguro"; "churrasco de vagina no rodízio do sexo". Tudo muito instrutivo e elucidante.

É o sacrifíco que se faz em prol da cultura.

16 de ago. de 2005

Mensalão X Minimão

A briga continua boa.

De um lado três CPI's tomam conta dos noticiários. E os depoimentos dos investigados apresentam cifras cada vez mais estratosféricas.

De outro lado, o Congresso Nacional insinua a aprovação de R$ 384,00. Brutal aumento do mínimo. Algo que, segundo os mesmos petistas desviadores de verba pública, irá levar a previdência social à bancarrota.

Nada tão contraditório.

Não é de hoje que os governantes, ministros, acessores, deputados, senadores, secretários e tantos outros desviam verbas públicas. Mas o PT consegiu algo inédito: foi pego com a cueca na mão. Literalmente.

Já me incluí entre os viciados em CPI, ou seja, portador de desvio comportamental recentemente descoberto pela Christiana. Não passo um dia sem ler os noticiários e, sempre que posso, largo mão da tela quente, para acompanhar os discursos e depoimentos, nas três comissões.

Ali, indignado, acompanho os depoentes, com naturalidade, falar de cifras que a maioria do povo (incluo-me) não verá jamais. Tudo ninharia. Tudo jogado fora em campanhas eleitoreiras. Em marketing e marketeiros, televisão, rádio, gráficas. A grana do povo voando ao vento, entre panfletos atirados ao chão. Tudo ao melhor estido brasileiro de desperdício do alheio.

Mais indignado fico, quando percebo que nosso Presidente gastou em sua campanha, mais que todos os candidatos ingleses juntos. Quando percebo que o indigitado que está prestes a sofrer pedido de impedimento, e que acabou de perder um respeitável aliado, vai jogar futebol e fazer churrasco.

Pede desculpas na sexta-feira e tudo está resolvido. Sábado vamos reune o pessoal, joga uma pelada, toma uma cerveja, faz churrasco e pagode.

Eu, caro Presidente, não o desculpo. Não até ver a grana toda devolvida, os culpados punidos e a carta de renúncia na capa dos jornais.

Impressões imprecisas sobre a rede mundial de computadores

Navegando pelas marés virtuais da rede mundial de computadores, é possível notar coisas estranhas.

Primeiro: como é que se navega numa teia? Mesmo as aranhas aquáticas, que produzem teias embaixo d'água, nelas não navegam. Certo é que apenas nadam, caminham ou, em se tratando de aranhas, dependuram-se. Ainda que se possa pensar numa atividade humana de navegação, provavelmente esta não ocorrerá numa teia. Nem ocorrerá naquilo que mais se parece uma teia, a rede de pescador. Aliás, havendo a rede, muito provavelmente não haverá navegação. Haverá, sim, transtornos à atividade.

Segundo: a comunicação na rede é muitíssimo mais rica que a comunicação feita por livros, revistas ou jornais. Só não conseguiu substituir a comunicação humana. Motivos óbvios justificam esta afirmação. Basta lembrar que a chamada traição virtual não apresenta nenhum risco de gravidez indesejada, ou transmissão de DST's - ao menos enquanto a atividade extraconjugal manter-se no âmbito virtual, é claro.

Terceiro: as informações transmitidas pela rede possuem potencial de atingir, em mínimo espaço de tempo, uma quantidade absurdamente maior de pessoas que as informações transmitidas por escrito. Entretanto, sempre é bom desconfiar da informação virtual, pois não exige autoria. Basta a utilização da famosa dupla "copiar" e "colar" para produzir uma notícia bombástica.

Quarto: encontra-se na rede muita coisa escabrosa. Desde os mais abjetos atos sexuais que a mente humana pode conceber - Calígula ficaria corado -, até situações completamente idiotas, como o cidadão que pedia que pessoas depositassem em sua conta, para não matar um coelhinho.

Quinto: também é possível encontrar na rede muita coisa boa. Algumas páginas pessoais - os chamados blogues - como a da Christiana, da Paula e do Paulo, do meu irmãozinho e da Clarice, são exemplo de que a rede não serve somente para produzir piadas e correntes.

Sexto: também é possível encontrar alguns seres desprovidos de qualquer imaginação, que listam coisas possíveis de serem encontradas na rede.

Bom, desta vez, não falei de CPI. E ainda deixei algumas boas dicas.

2 de ago. de 2005

Reality Show

Tinha programado escrever um conto hoje. Nem que fosse pequeno. Mas queria que fosse um conto. Não uma parábola com significado, ou então uma opinião pessoal. Mas então ocorreu o seguinte. Abri a Folha de São Paulo e estava lá, estampado: outro superávit, agora no mês de julho.

Fiquei então, pensando em tudo o que anda acontecendo na cidade construída por Juscelino para esconder os políticos safados, que cheguei n'uma conclusão. Quem precisa de governantes como os nossos?

Que difereça fez (ou fará) FHC ser sociólogo, lecionando em Paris, ou Lula ser membro das mais baixas camadas proteletárias? Respondo. Absolutamente nenhuma. O Brasil continua, em absoluto, na mesmíssima situação. A inadimplência no comércio é grande. Os juros são altos. Os bancos obtêm lucros astronômicos (aliás, estou pensando seriamente em anunciar nos classificados que aceito emprego de banqueiro). E a pobreza graça livremente em meio ao povo. Me pergunto: preciso deste tipo de governante?

Reclamações à parte, voltemos ao superávit. Superávit da balança fiscal significa que o Brasil exportou mais que importou, durante o mês de julho. Significa, também, que o Brasil continua enviando matéria-prima para os países desenvolvidos. Mas a situação brasileira está tão ruim que agora, sequer há dinheiro para adquirir o "produto manufaturado" de outrora, e atual "produto industrializado".

Ou seja, continuamos colônia. Se não de Portugal, de outros. Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão, China, ou qualquer outro país que possua um governo minimamente preocupado com o próprio país. Que resolveu permitir a criação de indústrias, para agregar valor aos produtos que importa. Para dar emprego ao povo. Para aumentar a circulação de dinheiro dentro do país.

Ante esta situação, que já dura quinhentos anos, na esteira de Israel, proponho a construção de um muro alto, com cerca eletrificada e permanentemente vigiado. Um muro em forma de avião. Para ficar ao redor de Brasília, com todos os políticos lá. E com a proibição de qualquer vôo entrando ou saíndo do local.

Tal qual ocorreu no romance de Saramago, seria enviado alimento. Também seriam enviados outros itens básicos de sobrevivêcia (Land Rover não entra na lista). E, bondosamente, também seriam enviados alguns milhões de reais, em espécie. Preferentemente em notas de R$ 1,00. E então ficaríamos assistindo todas aquelas notas mudando de mão. Mediante maracutaias, falcactruas, negociatas e trapaças.

Seria o melhro big brother já produzido.